Dois locutores de uma rádio da República Dominicana foram mortos a tiros, esta terça-feira (14), quando estavam em directo. Durante o ataque, ouvem-se tiros e os gritos de uma mulher.
Leo Martínez, produtor, foi morto num escritório, enquanto a outra
vítima, o apresentador Luís Medina, foi assassinado quando estava em directo na
rádio FM 103, da cidade San Pedro de Macorís. Um outra funcionária da rádio
também foi baleada, encontrando-se em estado grave.
O atirador, cuja identidade é desconhecida, terá agido sozinho. Várias
pessoas foram detidas num centro comercial onde está instalada a sede da rádio.
A emissão estava a ser transmitida em directo no Facebook e no vídeo
Medina está a divulgar informações nacionais pelo microfone quando se escutam
disparos ao longe, mas o locutor prossegue o seu trabalho durante alguns
segundos.
Antes de o vídeo ser interrompido, segue com um olhar inquieto alguém
que acaba de entrar no estúdio, cuja imagem não é visível, e uma voz feminina
que grita “tiros, tiros, tiros”. Logo de seguida o ecrã torna-se negro.
Os trabalhadores da estação referiram que o atacante dirigiu-se primeiro
ao gabinete do director da estação antes de entrar ao estúdio de gravação para
assassinar o jornalista e depois disparar sobre a secretária.
A Sociedade interamericana de imprensa (SIP), organismo de defesa da
liberdade de imprensa no continente americano, condenou em comunicado uma “tragédia
que atinge a grande família do jornalismo na República Dominicana” e pediu
uma investigação “expedita e profunda para conhecer o móbil, identificar o
responsável e conduzi-lo perante a justiça“.
O procurador-geral dominicano, Jean Alain Rodríguez, condenou os
assassínios e disse que o Ministério público, dirigido pelo procurador fiscal de
San Pedro de Macorís, Pedro Núñez Jiménez, em colaboração com a Polícia
nacional, iniciou as investigações do caso e prometeu esclarecer o mais
rapidamente possível este “horrendo crime”.
Uma fonte policial disse à agência noticiosa Efe que já estão a ser
investigados diversos detidos, incluindo três homens que supostamente estavam
munidos com armas de fogo no interior do centro comercial.
Em 2016, a República Dominicana ocupava o 62.º posto em 179 no índice
sobre a liberdade de imprensa estabelecido pelos Repórteres sem fronteiras
(RSF).
“Os jornalistas que ousam abordar o tema da corrupção ou do tráfico
de drogas são muitas vezes vítimas de violência física, mesmo de morte“,
refere a página dos RSF na internet relacionada com este país da América
Central.
Em 2015, nos Estados Unidos, a morte em directo de dois jornalistas de
uma televisão local, num incidente sem precedentes, suscitou uma vaga de
choque, em particular pelo facto de o autor dos disparos, um dos seus antigos
colegas, ter também filmado a cena para de seguida a difundir nas redes
sociais.
Por Momade Selemane Iahaia