O antigo ministro da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), actualmente reitor da Universidade Pedagógica (UP), Jorge Ferrão, diz que em nenhum momento proibiu o uso de mini-saias nos estabelecimentos do ensino público moçambicano, assunto que gerou pandemônio e debate na sociedade.
Por conta desta situação, uma cidadã de nacionalidade espanhola, Eva
Anadon Moreno, foi humilhantemente detida e deportada 30 de Março do ano
passado, por participar, na companhia de outras cidadãs, numa reunião pública
cujo fim era reivindicar o término da violência contra a rapariga nas escolas.
Na altura, algumas correntes intenderam que Eva Moreno e as mulheres na
sua companhia contestavam a decisão, supostamente do MINEDH, que obrigava as
alunas a abandonar o uso de saias cuja bainha fica bem acima dos joelhos.
Aliás, a confusão não parou por aí, a magistrada Benedita Langa foi
também presa no Aeroporto de Mavalane quando tentava evitar a deportação de Eva
Moreno, pois considerava-se a sua expulsão do país ilegal, facto que, mais
tarde, foi corroborado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ordenando a
realização de um inquérito cujo desfecho ainda é publicamente desconhecido.
Nesta segunda-feira (13), Jorge Ferrão, a aproveitou a reunião com os
professores e estudantes da UP, por ocasião da abertura do ano lectivo
académico 2017 (abertura formal terá lugar em Março), para desabafar, dizendo
que jamais “proibi as meninas” de trajarem saias curtas. “Eu precisava dizer
isto”.
“O Conselho de Ministros perguntou-me (sobre o assunto) e fiquei mal,
sem o que dizer porque não tinha nada a ver com aquilo”, disse,
acrescentando que devido a este mal-entendido, foi-lhe atribuído a cognome de
“homem das mini-saias”.
De acordo com o ex-governante, agora reitor da UP, quando ouviu sururus
em torno das saias, algumas demasiadas curtas, que as miúdas usavam na escola,
procurou, num dos encontros com os pais e encarregados de educação, directores
de estabelecimentos de ensino e professores, o que se passava.
Ocorreu, na sequência, que alguns pais e encarregados de educação
pediram autorização e autonomia para agirem no sentido parar de uma vez por
todas com o uso de mini-saias nas escolas, explicou o reitor.
Segundo ele, nem se quer se pronunciou a favor ou contra o que se
pretendia fazer, mas volvidos alguns dias, as meninas já trajavam saias
decentes, na sua maioria até ao calcanhar.
Apesar da confusão que se instalou por causa disso, Jorge Ferrão disse
ter percebido que, o sucesso obtido pelos mentores da iniciativa, deixou claro
que “o ensino no país só pode mudar (para o melhor) se os pais tomarem conta
das nossas escolas”.
A terminar, Ferrão afirmou que desse episódio concluiu que, sem dúvidas,
é preciso vestir de forma decente na escola e “é um lugar que exige
disciplina”.
Por Momade Selemane Iahaia